Muitos empreendedores, de pequeno a grande porte, ainda não se preparam para esse período, que chega com incertezas e, geralmente, vem acompanhado da alta do dólar
Se você, empreendedor, não pensou nisso, agora é a hora. E mais: é necessário se preparar. Sabe por quê? O consultor financeiro, Rafael Cisne, explica. Segundo ele, em anos pré-eleição e, principalmente, em anos eleitorais sempre há incertezas sobre o comando do país. Essa incerteza faz com que grandes empreendedores acabem retirando investimentos do país. A escassez do dólar faz com que o valor da moeda, frente ao Real, aumente.
Para quem importa, vem aí um problemão. Vai ficar mais caro trazer os produtos de fora. Já para quem exporta, o impacto é positivo, uma vez que o produto exportado pode ficar mais barato frente aos competidores internacionais. Agora, para quem tem produtos feitos no Brasil, que tem como concorrentes produtos importados: oportunidade a vista. Talvez, nesse caso, seja a hora de expandir e apostar forte para ganhar mercado.
O empreendedor precisa entender onde ele se encaixa nesse cenário. Se ele importa, a saída pode ser fazer uma reserva em dólar ou, depois de uma análise, buscar um fornecedor nacional. “Muita gente importa insumos e subsídios ou depende de importação. Esse empreendedor precisa se antecipar, pensar nesse cenário de forma organizada e estratégica”.
Isso porque, segundo Rafael Cisne, deixar pra fazer uma compra de insumos em plena a alta do dólar pode gerar um grande impacto negativo no caixa ou, até mesmo, inviabilizar a produção. “O empreendedor que importa, desde parafusos ou um iphone, precisa fazer um caixa na empresa e se preparar para o estresse do cenário econômico no Brasil”.
Mas como?
Sempre há soluções para quem se antecipa:
1 – Pesquise fornecedores nacionais
Se você importa produtos, pesquise sobre fornecedores nacionais. “Muitas vezes, sai mais barato importar do que comprar no Brasil, mas em situações de estresse financeiro e dólar em alta, pode valer à pena nacionalizar a produção”. Em resumo: pesquise e tenha essa carta na manga.
2 – Analise empréstimos
Empréstimo é para emergências. Se você tem um negócio estabilizado, gerando lucro e com bom ritmo de vendas, pode ser que valha à pena solicitar uma linha de crédito para a compra antecipada de insumos. “Mas avalie sempre o impacto disso para a saúde financeira da sua empresa, caso o produto não tenha a saída previamente aguardada. Além disso, em um momento de crise, o pagamento das parcelas pode se tornar ainda mais inviável”, pondera Rafael.
3 – Melhore a eficiência da sua empresa
Essa dica vale para empreendedores de todo porte. “Estude a sua empresa. Encontre onde é possível melhorar a eficiência, ou seja, fazer o mesmo com menos. Isso pode fazer uma grande diferença no saldo final.
4 – Negocie
Se a empresa está em um local em que se paga aluguel, é hora de negociar o valor. “Também vale reavaliar outros aspectos: será que é possível migrar para uma estrutura menor ou, ainda, para um ponto mais distante. Esse é um ponto que vale muito à pena avaliar. A economia gerada com o aluguel pode ser transformada em caixa e te deixar preparado para crises”.
5 – Negocie dólar futuro
Se você é dono de uma grande empresa, vale negociar dólar futuro na bolsa de valores, assim, ficará protegido da variação cambial.
Mesmo fora de crises, todas essas ações podem ser muito importantes e garantir que sua empresa não esteja nas estatísticas de fechamento. “Mais da metade das empresas fecham as portas por ineficiência financeira. A pessoa pensa que fazer empréstimo é sempre o melhor caminho, mas deve ser a última escolha”. A dica é: comece pequeno, cresça aos poucos, mas de forma sólida e inteligente.
“Organize-se e antecipe-se. Esses são pontos muito importantes para garantir um crescimento saudável a qualquer momento e, ainda, permitir que você entra e saia de crises econômicas ainda mais fortalecido e competitivo”, finaliza.