Quem aí já se pegou parado, pensando em ser dono do próprio negócio? Difícil achar quem tenha respondido “eu nunca”, não é mesmo? Seja naquele momento em que uma oportunidade de negócio apareceu; na hora em que aquela dificuldade surgiu no escritório ou, ainda, motivado por uma crise econômica, que acarretou em uma demissão inesperada e no desespero de continuar honrando todos os boletos.
E, de crise, o Brasil e mundo inteiro vêm entendendo muito bem. E o reflexo disso está no aumento no número de empreendedores. Muita gente, em meio a um desligamento, viu-se na necessidade de montar um negócio próprio. Em 2020, ano em que a pandemia do Corona vírus começou, o Brasil atingiu o maior índice, em 20 anos, de empreendedores iniciantes. A projeção foi divulgada na pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), que também apontou que aproximadamente 25% da população brasileira adulta investiu no próprio negócio, no ano passado.
A consultora de Inteligência Empresarial e coordenadora de Fomento ao Empreendedorismo e Inovação da Prefeitura de Ponta Grossa, no Paraná, Tonia Mansani, comenta que as sucessivas crises e o desemprego fazem com que, cada vez mais, surjam os empreendedores por necessidade. E é justamente aí que mora o perigo. Empreende-se porque se entende como sendo inerente à sobrevivência, sem pensar em transformar esse negócio por necessidade em uma oportunidade de prosperar a longo prazo.
A falta de conhecimento e consequentemente de planejamento do negócio, sem dúvida, são o principal motivo da alta mortalidade dos negócios nos dois primeiros anos. “Para se planejar, é preciso conhecer o mercado. Como se empreende por necessidade, não dá tempo para fazer esse estudo de mercado e, diante disso, a empresa se torna vulnerável a qualquer mudança no ambiente de negócios”, explica a consultora de Inteligência Empresarial.
Mas, nesse cenário, o empreendedor iniciante precisa ser perspicaz. Tonia comenta que a capacitação do empresário sem dúvida contribui, mas é preciso, e possível, aprender a empreender, para tentar evitar um fechamento precoce.
E há dicas importantes que o empreendedor pode seguir. A primeira delas, segundo Tonia, seria buscar o maior número possível de informações sobre o segmento em que o empreendedor iniciou a atuação. Além disso, há perguntas importantes para as quais vale à pena buscar uma resposta:
Qual o perfil do local onde o seu empreendimento foi ou será instalado?
Como está o mercado no setor escolhido e quem são os concorrentes?
“Mas tem mais: quem são seus clientes? Qual o perfil deles? E vale o alerta: se a sua venda será física e on-line por exemplo, é necessário buscar dados para as duas plataformas de vendas. O cliente on-line pode não ter o mesmo perfil do cliente presencial”, considera.
Há ainda de se abordar a questão dos fornecedores. Em um mercado cercado pela crise, apostar todas as fichas em apenas um fornecedor pode ser meio caminho andado para o fracasso. “É preciso sempre ter um plano B. Se o seu fornecedor principal, por algum motivo, deixar de atender, é preciso que você já conheça outros, que te permitam manter a qualidade dos seus produtos e os prazos de entrega”, complementando que “quando o empresário conhece o ambiente, planeja as tomadas de decisões e de correção da estratégia do negócio, consegue minimizar as chances de fracasso”.
Mas, as prioridades não param por aí. Tonia Mansani salienta a importância da inovação, em qualquer negócio. “Não importa o ramo, a inovação tem que estar presente. É preciso se diferenciar. Não é o empresário que diz o que quer vender mas, sim, o mercado que sinaliza o que ele quer comprar. Ter ciência disso é vital para qualquer negócio”.